Quando me abordaram em Bogotá

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Certa vez estive em Bogotá. Foi uma viagem completamente ao acaso – definida, semi-planejada e realizada em menos de um mês. Dentre as poucas recomendações que ouvi e li, era de que a polícia era muito vigilante nas ruas da capital da Colômbia, que eu poderia ser parado a qualquer momento, que poderia ser revistado até mesmo para entrar em shoppings centers.

Num rápido contexto, basicamente tudo o que eu ouvia sobre a Colômbia até então, eram notícias negativas. Nos anos 90, o país, para mim, era basicamente Farc, cocaína, tráfico e um pouco de café. Lembro de uns 10 anos antes de eu ir para lá de um tio meu falando que para ir na esquina “precisava cuidar com os tiros”.

Obviamente ele nunca esteve na Colômbia. Naturalmente, o que vi lá era bem diferente daquela impressão errônea vendida. Ainda que, em 2012, notei resquícios de uma violência marcante no passado, como, por exemplo, a forte atuação da polícia nas ruas de Bogotá.

Comentei aqui mesmo naquela época. E não foi nem uma, nem duas, mas várias vezes que fui parado por policiais naqueles dias – certa feita, um estava até à paisana. Mostrava minha mochila, meu passaporte e às vezes respondia algumas perguntas para enfim ser liberado. Sempre com respeito.

621941-970x600-1Lembrei disso esta semana com a ação do Exército em morros do Rio de Janeiro, onde soldados estão fichando todos moradores de algumas áreas para comprovar se há ou não antecedentes criminais. Nestes tempos de redes sociais, é claro, diversos debates saltaram. De um lado, críticas, do outro argumento que o Rio vive momento delicado, que exige medidas específicas e drásticas. Também há a linha clássica: de que quem não deve não teme – e não tem nada de esconder em uma abordagem.

Ações extraordinárias ocorrem em momentos extraordinários. Dia desses conversei com um boliviano que visitava Porto Alegre e ele sabia da crise de segurança no Rio, porém não tinha ideia que a capital fluminense sequer é a terceira no número de assassinatos por 100 mil pessoas no Brasil. “O Rio tem muita mídia”, expliquei pra ele.

Se ao menos houvesse um plano de segurança apresentado devidamente à sociedade – sendo claro com a bancadora da operação e principal vítima da violência –, esse fichamento que flerta com o autoritarismo poderia ser justificado. Mas não é o que parece. Não estou, nem vivo a realidade do Rio, ok, mas ainda não há notícias sobre ação semelhante em outras zonas da cidade, como Ipanema e Leblon.

Justo a ausência de ações integradas em todo o território que me fizeram lembrar de Bogotá. Eu fui abordado em zona turística da capital colombiana, em La Candelaria. A Colômbia, apesar dos exageros e da desinformação difundida, teve um grande problema de segurança há poucas décadas. Combatido, não sei se de todo resolvido, mas hoje o país passa outra imagem a seus vizinhos. Muito mais saudável e turística, frise-se.

Que o Rio – e todo o Brasil – precisam de ações drásticas na área da segurança, talvez ninguém duvide. Porém que sejam ações de verdade e não racismo e criminalização de favelas maquiados em ano eleitoral.

O Brasil ainda não entendeu o carinho que recebeu da Colômbia

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Foto: Vítor Silva / SSPress / Botafogo

Depois da comoção mundial do #ForçaChape o que mais se notou no estádio Nilton Santos, o famoso Engenhão, foram as novas cores dos assentos com o distintivo e as cores do Botafogo. Ficaram à mostra devido ao baixo público no jogo entre Brasil e Colômbia que serviu para arrecadar fundos à Chapecoense.

A falta de um estádio lotado nesta situação escancara que o brasileiro não teve a percepção exata do que aconteceu em Medellín há quase dois meses. Não do acidente e sim do dia seguinte: comovidos com a tragédia, 100 mil colombianos foram o estádio Atanasio Girardot – e muitos ficaram de fora dos portões por falta de espaço nas arquibancadas – não pelo futebol, mas sim por uma incansável solidariedade.

Dentre as vítimas fatais daquela tragédia, lembre-se, não havia sequer um colombiano, e sim brasileiros, paraguaios, bolivianos e um venezuelano. Nenhum deles era alguma pessoa famosa para comover a região por si só.

A mera comparação do tamanho do público no Rio e em Medellín é injusta também. Por uma série de fatores, que vão desde a comoção do calor do momento, da proximidade com o acidente e passam também pelo valor do ingresso (o mais barato era quase 10% do salário mínimo) e do horário – na Colômbia a homenagem foi mais cedo, às 18h45.

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Em Medellín não se notou a cor dos assentos

Porém, o baixo público e até um pouco de descaso com o evento em si mostram, mais uma vez, a falta de empatia do Brasil para com seus vizinhos sul-americanos. Num exercício de reflexão, seria difícil imaginar a cena ao contrário, de uma comoção no Brasil pela morte de dezenas de colombianos em Curitiba, por exemplo.

Em regra geral, o brasileiro sempre parece estar mais atento ao que acontece nos Estados Unidos do que aqui ao seu lado. O próprio turista, se pode, prefere antes ver de perto os Alpes na Europa do que a grandeza dos Andes.

Ironicamente, a manchete de alguns sites do Brasil enquanto ocorria o jogo era sobre a possível construção do muro na fronteira dos Estados Unidos com a América Latina.

Apesar da boa ação dos presentes no Engenhão, o jogo entre Brasil e Colômbia soou como uma oportunidade perdida. Tanto de agradecer ao povo colombiano por aquele lindo e carinhoso alento num momento tão dolorido, quanto para a Chape, que desde então ganhou milhares de novos seguidores e fãs em redes sociais, mas segue precisando de uma boa grana para reerguer-se.

Rapidas panamenhas, parte 5

A reparar
Ao menos para mim, a Cidade do Panamá transpareceu um lugar com muitos mais contrastes do que Havana, que leva essa fama. A modernidade dos rascacielos com a vanguarda dos prédios antigos é muito escancarada. As próprias ruínas de Panamá Viejo ficam hoje próximas a uma veloz autopista – financiada pelo governo do México – e entre prédios gigantes.

Lado a lado, carros modernos dividem espaço com táxis às vezes caindo aos pedaços e motocicletas transformadas em carrocinhas de cachorro quente e outros quitutes. Tudo normal, com o contraste sendo quase algo da própria cultura da Cidade do Panamá, uma capital bastante cosmopolita.

Conectividade
Ainda que precise resolver umas questões sociais, conectividade não é problema na Cidade do Panamá. Muitos dos lugares em que passei, como inclusive o Canal, oferecem uma rede wifi com boa velocidade gratuitamente. Já em Bogotá, a cobertura é menor.

Tecnologia viajera
A produção de todo o conteúdo nesta viagem, por sinal, foi ajudada bastante pela tecnologia e a internet. Embarquei com um iPad, uma câmera de mão e meu celular galaxy ace, com quem tirei algumas das fotos e as subi em Instagram, Picasa, Twitter e Facebook.

Claro que a boa e velha dupla amiga dos jornalistas bloco & caneta sempre ajudam também.

Uma das primeiras fotos da viagem, em Bogotá

Uma das primeiras fotos da viagem, em Bogotá

La plata
Não cheguei a levar muito dinheiro, porque resolvi deixar as contas mais para o cartão de crédito, estratégia que funciona bem em Buenos Aires, mas nem tanto em Montevidéu. Em Bogotá é bom ter uma graninha a mais, porque não são todos os lugares em que se pasa la tarjeta. Na Cidade do Panamá é um pouco mais tranquilo, até porque não é difícil achar um caixa eletrônico.

Um domingo em Bogotá

Não porque é domingo que o centro de Bogotá se esvazia. Bem pelo contrário. É por lá – especialmente pelas manhãs – que a vida transpira na capital colombiana. As lojas do popular centro de compras da carreira 10 ficam abertas e no Parque Tercer Mileno há até uma feirinha, com diversos cacarecos e roupas velhas à venda.

Ali perto, na mesma carreira, lojas um tanto mais requintadas vendem artigos eletrônicos mais caros, como câmeras fotográficas e videogames. Outras somam pesos vendendo souvenirs. Ali e na calle 16, bem em frente ao Museu do Ouro, onde outra feira – com preços mais acessíveis – acontece.

Também nas proximidades, crianças se divertem espantando as centenas (ou até milhares) de pombas que moram na Praça Bolívar. Uns andinos mais ligeiros ainda levam lhamas para lá, onde os pequenos podem subir em troca de alguns pesitos. Outro comércio comum ali é a venda de milhos para as pombas. Naquelas bandas a música também é usada para faturar alguns trocados. Não está fácil para ninguém, afinal.

E enquanto alguns colombianos vasculham vitrinas ou correm atrás de aves, outros mais saudáveis aproveitam para se exercitar pela carreira 7, que fica blqueada para os trânsitos para carros pela manhã. E por ali desfilam variadas bicicletas, corredores e cachorros.

Mas tudo isso se passa sob o atento olhar da polícia. Em muitos pequenos grupos, quando julgarem necessário, revistam quem eles acharem suspeitos, pedem documentos a estrangeiros. Os policiais se mantêm visíveis, para que mazelas como o narcotráfico deem as caras por ali.

Mesmo que a paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) tenham se aproximado nos últimos meses, a luta é algo comum aos colombianos, como bem já indica a frase cravada na parede do Palácio da Justiça, no coração de Bogotá:

“Colombianos, las armas os han dado independencia. Las leyes os darán libertad”.

Cerro de Monserrate, onde o céu fica mais próximo de nós

Primeiro: vamos subir:

Bogotá é uma cidade localizada aos pés de uma montanha da cordilheira dos Andes. E no topo desta montanha há o santuário do Senhor Caído, no topo do Cerro de Monserrate, lugar que, sem dúvida, é o melhor mirante da capital da Colômbia.

Para chegar lá é simples: se vai de teleférico ou um bondinho, que corta o morro. Em uma bela terça-feira, paguei 15.400 pesos colombianos pela ida e volta de teleférico. Talvez o dinheiro mais bem investido em passeios na capital colombiana.

O santuário só não é recomendável a quem tem medo de altura, pois apresenta uma vista literalmente de tirar o fôlego de toda a cidade do alto de seus 3.152 metros de altitude. Quem não temer apreciará uma vista mais que sensacional. Tanto da cidade quanto da vegetação nativa, do lado oposto ao urbanismo da cidade.

A quem for lá, vale o reforço na dica de Bogotá: parcimônia. Se andar ligeirinho pelas ruas bogotanas faz o fôlego se esvair bem rápido, imagine lá em cima, 500 metros mais alto que o centro da cidade. Lá em cima é bom fazer algumas paradas e… respirar. Bacana também que o lugar fica aberto à visitação até tarde da noite, quando por sinal a igreja recebe uma bonita iluminação.

O santuário em si não chega a ser algo excepcional, mas lá em cima há outros tantos atrativos depois que passar a hipnose – que é forte – da vista. Restaurantes, cafés e um monte de lojas de artesanato, que vendem de tudo, desde o tradicional chá de coca à cerveja Duff (aquela dos Simpsons). Às vezes, esses dois produtos lado a lado.

Poética e literalmente falando, observado de lá o céu parece bem mais próximo que a terra. No mínimo, o lugar de onde cheguei mais perto do céu até hoje.

Ah, igualmente ao Canal, eles também são moderninhos e têm Twitter e Facebook.

Agora vamos descer:

El Dorado de Latinoamerica

O nome do aeroporto internacional de Bogotá ser “El Dorado” já indica que por essas bandas devem haver muitos metais preciosos. E há, ou pelo menos havia.

Um dos pontos obrigatórios de quem passa por Bogotá é o Museo del Oro, cuja entrada custa 3 mil pesos. Ao longo dos quatro andares da exposição permanente foi inevitável recordar do livro que me acompanhou na viagem: “As veias abertas da América Latina”, do Eduardo Galeano. Em suma, a primeira parte da obra pode ser assim: “Tua riqueza será o motivo da tua pobreza”, referindo-se à exploração dessas terras séculos atrás. O texto narra os períodos de exploração pelo qual passaram os países latinos na época da colonização. Um longo trecho se dedica ao ouro e a prata, que um dia foram bem abundantes aqui.

Pois no museu há tantas e variadas peças douradas que me fez refletir sobre como nós, latinos, nos conhecemos pouco. Em meu tempo escolar, por exemplo vi muito sobre a Idade Média na Europa e pouco ou quase nada da minha região antes do desembarque de Cristóvão Colombo. Acho que ilustra como a história foi narrada pelos conquistadores — os mesmos que dizimaram boa parte dos nativos.


Nessa mesma manhã rodei pelo centro de Bogotá e acabei por entrar no museu de Santa Clara. Lá funcionou um convento séculos atrás. Apesar de bem menor que o museu do ouro, a quantidade proporcional de ouro impressiona bastante. Dias depois, circulando por Casco Antiguo, já no Panamá, dei de cara com o suntuoso altar de ouro da Iglesia de San José, uma igreja que, vista de fora, não se esperaria muitos requintes.

Se tanta riqueza havia, por que há tanta desigualdade no nosso continente? Poderíamos começar a entender se nos estudássemos melhor.

Rescaldos aeroportuários…

…ou: sem nada pra fazer em meio à uma conexão de cinco horas na madrugada paulistana

Antes de qualquer coisa confesso: toda, mas TODA a minha admiração aos que têm sono fácil em viagens, seja lá como ela for, mas em especial aos que dormem em aviões. Queria ter esse dom de vocês. Já que não tenho, mando um abraço ao cara que pensou em nós, insones, e inventou jogos e passatempos que estão instalados em alguns aviões da Avianca, por exemplo. O de futebol é muito tosco, mas faz passar o tempo que é uma beleza.

Aproveitando o espaço, comento que ainda falta muita tomada e conexão wifi gratuita nos três (quatro, contando com Porto Alegre) aeroportos dessa viagem que se encerrou nesta segunda-feira. A única que funcionou foi em Guarulhos, ainda assim só depois de uma pequena burocracia de cadastro. Tanto em El Dorado (Bogotá) quanto em Tocumen (Panamá) os dispositivos só avisaram de conexões liberadas. Conectados, não conseguiram navegar.

Colombianos nos acham sujos?
Pois é, a gente toma banho pra ir viajar bem bonito e cheiroso, mas assim que a aeronave fecha rumo à Bogotá, a aeromoça passa um spray por todo o avião enquanto avisa que a Colômbia pede para detetizar o veículo e que o tal produto é autorizado pelo Ministério da Saúde do Brasil. Tal cena não é nem próxima de ser repetida quando a linha é Bogotá-Panamá-Bogotá.

Falando em Panamá, oficialmente ainda estou lá, ainda que já tenha entrado e saído da Colômbia e que escreva esse texto em meio à madrugada em São Paulo. As autoridades do país caribenho ou esqueceram ou não quiseram carimbar o meu passaporte na saída. Pior que só fui me dar conta quanto já estava no ar.

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Turismo de compras realmente não é muito a minha, mas não pude deixar de reparar que os free shops do Panamá oferecem melhores preços comparados com Bogotá e São Paulo. Fora do aeroporto a oferta é boa também.

Pão de queijo
Era meio de madrugada quando cheguei a São Paulo e já catei o primeiro café para pedir “guaraná, pão de queijo e ouro branco”. Como o refrigerante estava quente, só adquiri os dois últimos. Ao receber, instintivamente falei um sorridente “Gracias”.

Só isso?
Não. Ainda tem bastante coisa sobre Bogotá e Cidade do Panamá pra entrar no blog. Nos próximos dias já estará no ar. =)

Rápidas colombianas, parte 4

Por um belo fim de tarde
Até pela proximidade das nuvens, acho que Bogotá não costuma a ter dias bem ensolarados. Um taxista me comentou que tem chovido até demais nas últimas semanas. Porém, quando o sol dá as caras, garante um belo entardecer à capital colombiana.

Dei essa sorte no sábado, pouco depois de ter voltado do Panamá. Anotei meia dúzia de lugares a serem conhecidos na região de La Candelaria e sai, em uma caminhada gratuita que se provou bem agradável.

Museu Botero
A primeira parada foi no museu Botero, cuja a entrada é franca — ele só não abre nas terças. Confesso-me aqui um quase analfabeto em arte e que nem sabia quem era Fernando Botero. Menos mal que a arte dele não requer grandes conhecimentos. Achei simples e divertida seu desenho, sempre de pessoas rotundas.

Além dos quadros e esculturas do artista nascido em Medellín, há obras de gente renomada como Picasso, Torres-Garcia, Renoir e Miró para ser visto. Para ajudar, o ambiente é bem agradável e ligado internamente a outras salas de exposições bacanas.

Casa Cultural Gabriel García Marquez
Quase em frente ao Museo Botero, fica o Centro Cultural Gabriel García Marquez, onde há espaços para exposições e uma deliciosa livraria, que, claro, tem um espaço dedicado ao prêmio Nobel por “Cem anos de solidão”.

Junto ao prédio tem uma franquia da cafeteria Juan Valdez, a mais famosinha da Colômbia. Um cappucino vai muito bem, por 3.700 pesos.

Plaza Bolívar
Antes de sair se perdendo pelas inclinadas ruas do bairro — onde há muito artesanato e criatividade para se ver e vender — vale dar uma passada na Plaza Bolívar, onde fica a Catedral, que fica muito bonita antes do sol se pôr.

Rápidas colombianas, parte 3

Números
Jornalistas não costumam se dar bem com números. Não sou exceção à regra, e o peso colombiano me faz questão de lembrar. Numa casa de câmbio em Lá Candelária troquei 50 dólares por 89,500 pesos colombianos — no aeroporto a mesma quantia de american little greens me rendeu 86 mil pesos locais. A diferença até que não chega a ser graaande, mas é um trocado suficiente pra ir e voltar de ônibus ou enganar o estômago pela rua. O cara do câmbio do centro me contou que R$ 1 vale 800 pesos. Mas, em meio ao dia a dia, achei melhor arredondar a conta pra 1 mil mesmo. Tomara que a conta não me saia alta…

Outro assunto envolvendo números, Brasil e Colômbia é o fuso horário. A diferença de Brasília e Bogotá são duas horas a menos. Como na primeira noite estava pra lá de cansado, dormi cedo. E despertei às 4h40 locais. Mas no segundo dia, a adaptação foi mais tranquila. Dormi mais tarde e só levantei às 7h locais.

Sequer havia trocado o horário do meu celular, mas acabei me confundindo na quarta, dia de pegar o vôo pro Panamá e cheguei ao aeroporto com longuíssimas quatro horas de antecedência.

Cervejas
Em 36 horas, deu pra provar três cervejas diferentes: Poker, Aguila e BBC (Bogotá Beer Company). Todas na média, sem se ser ruim ou se destacar a ponto de fazer a mulher ao lado se tornar maravilhosa. Aliás, as Bogotá as ( ou bogotenses?) têm sua beleza. Menos que as misses do país vizinho, ainda que algumas consigam ser encantadoras para quem, diferente de mim, é solteiro por aí (beijo, amor!).

El Botánico
Em meio à caminhada a esmo pelo centro, na terça, acabei por parar em um restaurante chamado “El Botánico”, na calle 5, pra almoçar. Não recordo de ter sido tão bem tratado por tão pouco preço — a conta de um prato, uma água e um café não chegou a 34 mil pesos. O lugar funciona onde antigamente era a casa do médico pessoal do Simon Bolívar e os atuais donos garantem que se esforçam para manter a arquitetura original.

Oh, Panamá
Já vós escrevo do Panamá, onde cheguei à tarde. Na América Central, me hospedo na capital. E, depois de uma primeira caminhada por aqui ainda não consegui encontrar a melhor definição pro impacto que é. Mas é algo como a primeira vez de um caipira na cidade grande, só que elevado talvez à 60a potência, pra fazer uma relação com a altura dos prédios daqui. Sei que disse “uau” algumas várias vezes.

Rápidas colombianas, parte 2

Despacito
Mal larguei as coisas no hostel e saí caminhando a esmo pelas ruas próximas, ainda na segunda-feira. Fui no meu ritmo normal – aquele de baixinho apressado –, mas tinha algo diferente. Tinha menos ar do que estou acostumado, em função dos 2.640 metros de altitude de Bogotá. Cansei rápido, fiquei ofegante. Pra piorar, ainda subestimei o frio colombiano – que existe mesmo. Foi mais complicado do que pensei. Prometo nunca mais xingar jogador brasileiro que passa mal na altitude.

La Candelária
O hostel em que me hospedei fica no bairro La Candelária, que é um centro antigo daqui. Pelo que deu para perceber, é o lugar bacana de Bogotá. Hostels, museus, universidades, bares e prédios históricos estão ao redor. Nas ruas, tanto bogotanos (ou bogotenses?) quanto gente que fala variados idiomas se cruzando. Legal.

Em um jornal local, li que a ideia é tornar o bairro mais 24 horas possível. No entanto, existe uma campanha: “No moteles en La Candelária”.

Trânsito
O trânsito de Bogotá é um tanto lógico, com as ruas tendo números como nomes. De norte a sul, são as calles. As transversais são as carreras. Então, com meia dúzia de neurônios, não é complicado de se achar por essas bandas. Só fica a dica: olhe bem para os lados antes de atravessar as ruas. Os motoristas – nem os pedestres, a bem da verdade – não chegam a ser um exemplo de comportamento. Além do mais, algumas ruas de La Candelária se confundem com calçadas, o que complica o passeio do vivente.

Policiais. Muitos
Havia lido que Bogotá é a capital mais policiada das Américas. Não conheço todas, mas a afirmação me pareceu muito verdadeira. Ainda não fui a shoppings centers, onde, para entrar li que era necessário passar por revistas.

Ainda assim, nas ruas próximas à Praça Bolívar – onde ficam importantes prédios, como o da presidência – paravam as pessoas e pediam para olhar as mochilas e às vezes até documentos para só depois permitir a passagem. As pessoas entendem e pelo visto é cena cotidiana.

Das duas vezes em que policiais e/ou militares me abordaram nesta terça falaram de forma educada, mas como quem nunca tem contestada sua autoridade. Respondi educadamente e a vida seguiu de forma normal.

Outra capital de país bem policiada que conheci é Havana, em Cuba. Porém, diferentemente da ilha de Fidel, os policiais não têm uma forma um tanto desleixada de se fardar.

Tiempo loco
Como disse, subestimei o frio de Bogotá, talvez em função do calor recente de Porto Alegre. Fato é que a noite bogotana é gelada. E tem um vento cortante. Durante o dia, apesar do inverno, o clima é bem de meia-estação: no sol faz calor, à sombra, frio. Ao caminhar, se quer tirar o casaco, mas assim que se para, o agasalho é bem-vindo.