
Museu Nacional do Brasil, no Rio
Uns anos atrás estava eu e meu pai resolvendo alguns problemas aleatórios em mesa de bar. À nossa pauta chegou a situação do Rio de Janeiro, ainda antes da eclosão de todo este escândalo de corrupção que fariam os fluminenses verem quatro de seus ex-governadores serem presos.
Ex-morador do bairro do Catete, o pai, convicto, defendeu a tese de que a mudança da capital para Brasília destruiu com o Rio de Janeiro. Para ele, menos do que todo o investimento na construção de uma metrópole do zero seria suficiente para manter o Rio em ótimas condições.
A invenção de Brasília quebrou o Rio, defende ele. Faz sentido. À época, enviamos a sugestão de pauta à coluna “E se” da Superinteressante – até contei aqui. Nunca saberemos, mas talvez e provavelmente o Rio de Janeiro fosse uma cidade melhor se fosse capital ainda hoje.
Lembrei da ideia e voltei a notar que ela não era tão absurda como algumas soluções tomadas em mesa de bar são ao ler este ensaio no Nexo Jornal. Nele, o diplomata Igor Abdalla sugere transformar o Rio em uma cidade federal – lembrando que diversos países têm duas capitais.
O Rio, ele cita, é ainda hoje sede diversos órgãos do governo federal, grande presença das Forças Armadas e por aí vai. O Rio é cosmopolita. É a cidade do Museu Nacional, da Academia Brasileira de Letras, da Biblioteca Nacional, entre tantos outros órgãos que levam o rótulo deste país.
E isso afora de toda um resquício imperial em suas ruas, algumas delas carregadas com parte importante de diversos momentos marcantes da história brasileira. Se Salvador foi capital por mais tempo, o Rio era a capital em momentos determinantes do desenvolvimento enquanto sociedade.
Para o bem e para o mal, o Rio é uma das principais vistas que o mundo tem do Brasil. Nosso principal cartão postal. E está necessitando de um resgate, de fato. Histórico e econômico. Revitalizá-lo como capital, cidade federal ou qualquer coisa que o ajude, fará bem, também, ao Brasil. É preciso repensar o Rio de Janeiro.
*Segunda foto retirada do site da Biblioteca Nacional, originalmente disponível neste link