O jornalista Tiago

tiago japao
Uma vez no Japão | Foto: Luiz Chaves / Palácio Piratini

Quase três meses depois de receber o canudo de bacharel em jornalismo, entrei numa redação pela primeira vez como profissional. Fui repórter do Jornal do Comércio por sete meses e, depois, troquei de casa, indo trabalhar no centenário Correio do Povo. Ao longo deste caminho, também atuo na Federação Gaúcha de Judô, além de outros trabalhos por aí. De lá para cá, passou-se mais de uma década, entre coberturas, plantões, frustrações e orgulhos – um dos meus maiores é ser cofundador do Matinal Jornalismo. Meu currículo completo está aqui – aviso, porém: ele está um tanto desatualizado.

Bom. Em ambas as redações em que atuei, duas características são semelhantes: fiz parte da primeira equipe dos respectivos sites – que passariam então a ser hard news – e sempre integrei exclusivamente essa área, o webjornalismo em um veículo consagrado no meio impresso. Além de ser “pau para toda obra”, apurando informações em todas as editorias – de polícia a esporte, de economia à rural, além de cultura, política e geral.

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Nem sempre é fácil conseguir (ouvir) uma boa entrevista | 2012

De dentro da redação, acompanhei o crescimento e o amadurecimento do jornalismo online, como a ascensão da importância das redes sociais para propagação e apuração de conteúdo, além da audiência. Por sinal, volta e meia, neste blog, dou uns pitacos sobre o assunto. O webjornalismo, para mim, é algo mutante. Portanto, é necessária uma constante reflexão sobre o trabalho cotidiano que efetuamos.

Ao longo desses tempos, meu trabalho acabou sendo mais dentro da redação, buscando apurar e publicar a informação de maneira ágil. Especialmente a partir de 2013, quando passei de repórter para editor. Ainda assim, dentre tantas e tantas coberturas, há uns textos que assinei e que gosto bastante, os quais eu cito alguns aqui. Acredito que dizem um pouco mais do meu trabalho.

No Correio do Povo, em 2013, pouco antes daquelas longas coberturas dos protestos de junho, eu e o saudoso colega Laion Espíndula estávamos de plantão quando o Mercado Público de Porto Alegre ardeu em chamas. Transformou um quase fim de plantão numa noite triste e histórica para nós, que, sozinhos, ficamos responsáveis por basicamente tudo o que o jornal publicou naquele momento.

Circulando por editorias, contei um tempinho depois a história da judoca Taciana Lima. Número 2 do Brasil por anos, ela deu uma reviravolta na sua vida, indo atrás de seu pai biológico em Guiné Bissau. De número virou referência máxima do esporte no país africano e conseguiu sua classificação aos Jogos Olímpicos de 2016. A versão na íntegra está aqui no blog.

Copa in POA
Os insanos dias de Copa | junho/2014

Em 2014, o ano foi bem agitado especialmente nos esportes. Com a remodelação do estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, fizemos no CP uma revista digital especial sobre a reforma no estádio que recebeu a Copa do Mundo em Porto Alegre. Naquele ano, fui um dos jornalistas credenciados pelo jornal para cobrir o dia a dia do Mundial em Porto Alegre. Foram diversas entrevistas com torcedores, jogadores e dirigentes, além da transmissão de todos os jogos na capital gaúcha.

No fim do ano, dediquei-me à uma pauta internacional e repercuti os 25 anos da queda do Muro de Berlim. Pouco antes e até recentemente, volta e meia cobria shows em Porto Alegre. Destaco alguns dos quais fiz matérias depois: Jorge Drexler, Julieta Venegas, Zaz e Il Volo.

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Um momento especial da minha carreira aconteceu em junho de 2017, quando fui enviado especial do Correio do Povo e da Rádio Guaíba ao Japão, a fim de acompanhar a missão do governo gaúcho em busca de investimentos lá. Foi uma semana de cobertura para web, impresso e entradas ao vivo na rádio. Fora a parte política e econômica, fiz uma matéria observando os costumes e diferenças orientais e outra sobre a peculiar cerimônia de troca de cartões.

Meses depois, já em 2018, editei um especial escrito pelos jornalistas Bernardo Bercht e Lou Cardoso sobre Feminícidio. A reportagem rendeu a primeira distinção à editoria web do CP, o segundo lugar no Prêmio Asdep. Ainda naquele ano, após passar férias no Chile, entrevistei o diretor do Museu da Memória e dos Direitos Humanos. Saiu no impresso do CP e a versão na íntegra publiquei por aqui.

Antes do ano acabar, uma voltinha na área cultural. Tendo como gancho a crise que grandes livrarias brasileiras atravessavam (e atravessam), eu e os colegas Carlos Corrêa e Luiz Gonzaga Lopes conversamos com atores do mercado editorial gaúcho para ter deles a percepção de quem atua no meio sobre o declínio das grandes marcas. Não, nem tudo está perdido. Aliás, pelo contrário, como descobrimos nesta reportagem.

Chegamos a 2019, ano deveras importante, acima de tudo pelo nascimento da minha pequena. Mas também de muito jornalismo. Um mês antes dela chegar, junto com a editoria de esportes, publicamos no impresso e na web o especial sobre o cinquentenário do estádio Beira-Rio. A mim, coube relembrar como foi a história do melhor pior pênalti já batido naquele campo, que rendeu a quarta estrela à camisa do Inter.

Meses depois, para marcar o aniversário de 124 anos do Correio do Povo, o jornal lançou-se nos podcasts. A mim foi atribuída a tarefa de criar um que fosse de notícias. Aí nasceu o Direto ao Ponto. O objetivo foi aprofundar um assunto principal do dia, uma pauta que fosse relevante principalmente ao Rio Grande do Sul, não importando a editoria. Fui também seu apresentador (além de roteirista, produtor…) por cerca de seis meses, até começar o home office, em razão da pandemia.

Dentre os episódios que produzi e apresentei, destaco alguns: “Por que poluímos nossa cidade”, o episódio sobre a experiência do primeiro confinamento na Espanha causado pela Covid-19 e seus reflexos no Brasil, a mobilidade urbana que pode surgir no pós-pandemia e o episódio especial sobre a morte (e a vida) de Diego Armando Maradona.

Matinal Jornalismo

Ainda em 2019, em paralelo ao Correio e às diversas conversas sobre o webjornalismo com os colegas Paulo Antunes e Filipe Speck, criamos, nós três, a newsletter Matinal, cuja primeira edição foi disparada em 11 de março. Nosso objetivo era buscar contexto e informação relevante entre tanta notícia publicada nos principais meios daqui de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul.

Fico feliz em dizer que: deu certo! Pouco a pouco, crescemos. De dezenas para centenas e depois milhares de assinantes. A newsletter construiu pontes com mais gente interessada no bom jornalismo e transformou-se no grupo Matinal Jornalismo, do qual, além da newsletter, também fazem integram a equipe do jornalista cultural Roger Lerina e a Revista Parêntese, criada pelo professor Luís Augusto Fischer, com apoio da Agência Fronteira.

Além da curadoria e edição das newsletters, que já tiveram mais de 530 edições enviadas até este maio de 2021, colaborei uma vez para a Parêntese, com uma crônica sobre a saudade da cidade, publicada na edição especial de aniversário de Porto Alegre – mais um com parabéns contidos, devido a necessidade de isolamento.