Certa feita publiquei um texto refletindo sobre os meus primeiros cinco anos como profissional. Foi uma crônica de desencantamento, um pouco sobre como sair das nuvens embriagantes de uma formatura para colocar o pé no chão nos desafios diários de uma redação de jornal. Lembrei dessas palavras nesses dias dezembristas, em que passamos a régua no que fizemos de bom e de ruim nos últimos 12 meses.
Se naquela oportunidade eram cinco anos enquanto formado, hoje estou perto de completar o primeiro quinquênio na dita “imprensa alternativa” ou “independente” – adjetivos que, admito, não gosto muito, mas que normalmente vêm colados à Matinal, quando esta é mencionada. São complementos que, não raro, soam até como elogiosos ao trabalho feito ali e não na “grande mídia”.
Neste caldo de pensamentos analíticos, também percebi que estou próximo de completar o primeiro ano na condição de mestrando. É algo que jamais havia projetado na minha carreira, em especial em outra área de formação, o planejamento urbano. E é algo que sempre me impõe a condição de mero aprendiz, desconsiderando boa parte da trajetória que tive até ali.
Somando as duas condições, fico feliz de reparar que entrarei em 2024 com um olhar cada vez mais crítico a respeito do que se passa ao redor, na pauta e nas ruas. Uma crítica sobre o que é e pode ser notícia, uma crítica sobre como ela deve ser relatada e publicada no seu caminho até o leitor, até o cidadão.
Hoje, dou um viva à implicância com certos termos que por muito tempo me passaram batido, como uma palavra ou sinônimo qualquer. Faço careta e descarto outras tantas palavras que se disfarçam de inocentes, mas cujos significados importam e impactam bastante à pauta e a quem as diz respeito. Talvez isso se chame experiência, o que não deixa de ser um processo de aprendizado.
Desde aquela reflexão sobre os cinco anos de carreira, lá se vai praticamente uma década. Entre tantas outras desilusões e festejos que se somariam àquele texto, é bom se perceber ainda com capacidade de aprender e, mais, de estar disposto a isso. É o que vejo como a minha contribuição. Pouca, claro, irrisória no cenário em que estou. Mas um pontinho a mais disposto a fazer um jornalismo melhor.