Deixar 12 anos de uma grande redação estadual pra trás não foi uma decisão fácil. Mas ela foi sendo construída gradualmente a partir dos fins de 2018. Naquelas semanas, eu, Filipe Speck e Paulo Antunes, entre muitos e muitos cafés, sentamos para construir algo. Dali saiu o que hoje é o Matinal Jornalismo, que apareceu oficialmente para o mundo em março de 2019.
Sair do Correio para o Matinal não foi uma simples troca de redação, mas uma mudança de proposta e perspectiva. E aqui friso que o novo não buscar busca necessariamente ser melhor que o anterior, e sim distinto: em cobertura, em pautas, em formas de se chegar ao leitor.
O ambiente jornalístico do Brasil está poluído e ruidoso há tempos. Nunca se leu e se publicou tantas notícias para se compreender tão pouco. Existe, portanto, uma falha em algum ponto, seja do jornalismo, seja no receptor, seja no meio. Acredito que essa poluição venha, principalmente, do excesso.
Daí a necessidade de ser diferente. De forma objetiva, contextual e localizada, o Matinal se propõe a falar sobre Porto Alegre, a discutir a Capital e visa dar voz e ser participante de mudanças para tornar a cidade um lugar melhor. Sem inventar a roda, porém ocupando um espaço que se percebeu vago.
Jornalisticamente, há bastante trabalho pela frente para nos livrarmos desse ambiente poluído. Apenas culpar as redes sociais pode não ser o suficiente para escapar dessa crise, que passa, ao meu ver, por educação midiática desde cedo.
Também é preciso defender o jornalismo profissional, só que isso vai ocorrer em um contexto de se passar a cobrar por algo que o leitor se acostumou a receber de graça – em timelines, por mensagens ou e-mails. Há, porém, uma forte crise financeira, que atrapalha ainda mais esse processo. Faz-se, ainda mais necessário, ser relevante no dia a dia.
O caminho não é fácil, tem vários percalços. A estrada é longa e há de ser trilhada. Espero contar contigo, caro(a) leitor.