Para que serve um jornal e para que serve o jornalismo?
O que parece um questionamento cuja resposta tenderia a ser instintiva e fácil torna-se uma pergunta complicada em redações por aí – em níveis regional, nacional e internacional. Talvez por que o nome da profissão derive de seu meio mais consagrado. É uma hipótese. Mas também é uma forma de apego.
Já são mais de 20 anos de internet comercial e pelo menos 17 de hard news na web. E ainda assim boa parte do jornalismo se vê apegado a um pedaço de papel que já está sendo vendido como substituto de tapete higiênico para cachorros na principal avenida da maior cidade do país.
Nesta mesma avenida, as bancas de revistas cada vez mais tornam-se apenas bancas. Em meio a crise de editoras outrora poderosas, o meio, igualmente impresso, perde destaque em vitrinas que já foram inteiramente suas para souvenirs e toda sorte de quinquilharias que possam render um dinheiro mais imediato ao dono do estabelecimento – alguns que já aceitam até Vale Refeição para vender Mickey de pelúcia:
São exemplos visíveis: o jornalismo precisa se enxergar como receptor para reaprender a se capitalizar como emissor, além de retomar a credibilidade perdida em algum momento, quando, por alguma razão, afastou-se ou foi afastado do público ao qual costumava informar.
Vivemos o ínterim dos turnos de uma eleição que ficará marcada pela ampla propagação de notícias falsas e também por ser pleito em que as pessoas se informaram mais olhando a tela de um aplicativo de troca de mensagem no seu celular do que em um site de jornal. É o caminho para um Estado de desinformação e isso não é bom.
O público precisa voltar a confiar massivamente no jornalismo. Mas o jornalismo precisa dar essa garantia de que é confiável.