Eles estão no jogo

Eu estava no meu terraço cedo da manhã seguinte ao segundo turno das eleições presidenciais do Brasil em 2018. Não era 6h e meus pensamentos oscilavam entre um “não pode ser tão ruim” e o “vai ser a pior coisa possível”.

Os quatro anos seguintes, para a sociedade como um todo, não foi só horrível como trágico, pela coincidência com o tempo da pandemia, para além de todas as outras mazelas brasileiras. E apesar disso demandou um enorme esforço para ser encerrado, ante toda a reação e reacionarismo provocado.

Neste novembro de 2023, por coincidência estava novamente no terraço do meu prédio, quando alguém, de longe, bradou “Vamos, Argentina”. Parei por um instante. Tudo então parecia um filme ruim prestes a se repetir.

Não foi por falta de aviso. Não foi a primeira vez de um “outsider”. Milei, quiçá, seja a consolidação de um sinal dos tempos. Eles, lá da ponta à direita de todo o espectro político, estão no jogo. Independente do país ou resultado mais recente.

Vencendo certamente mais por comunicação efetiva e terrorismo de redes do que por propostas efetivas. Sabem ser ótimas pedras em vidraças democráticas. Às vezes fazem só rachaduras, mas vai ter uma hora que vão conseguir quebrar. Aí o estrago será ainda maior.

Porto de Bons e Alegres Ares

Cais Mauá. Foto: Maria Ana Krack/PMPA

De cais a cais navego entre os tempos desses lugares nem tão próximos, e ainda assim tão juntos – e meus.

Caminho nas cidades através das viagens que já se foram, mas também nas que virão. Porque sempre há um destino nesses meridianos que as minhas latitudes encontram.

E param. E ficam.

Reconheço-me entre o mate e o chimarrão. Ando de Palermo ao Mont’Serrat. Desde a Bombonera ao Beira-Rio. Da feria de San Telmo ao Brique da Redenção.

Enxergo um Laçador em plena 9 de Julio ao passo que me deparo com o Obelisco no Parcão. E como se o Rio da Prata desse na Andradas, eu sigo. Eu flano.

Venho. E sempre volto. (para as minhas cidades)

Caminho por tantas ruas que me encontro ao longo dos anos. Andei jovem ali, voltei adulto aqui. Ainda seguirei quando estiver tão velho quanto o eco do tango de Gardel no Odeon.

De Porto al puerto. Respirando desses ares. Alegre.

Recuerdo desde Puerto Madero | 2008

Esse texto foi o “trabalho final” para o curso de extensão Cartografia das Cidades, da PUC-RJ. A meta era criar uma paisagem, por meio de fotos, textos, colagens. Ou versos (e recordações, por que não?).

Quando estive perto de D10S

Eu ainda estava nos meus primeiros dias da primeira vez que fui a Buenos Aires. Turista jovem e fã de futebol, acabei em uma partida do Boca, em uma tarde ensolarada de dezembro. Não era qualquer partida e sim uma possível definição de título argentino.

Foi quando estive mais perto de Deus.

Se não o mais famoso e divino, certamente um dos mais idolatrados naquele canto de mundo, que eu aprendia a amar. Era Diego Armando Maradona lá, el D10S para muitos que ali, tanto os que vestiam azul e ouro, como outros tantos que gostam de outras cores na jaqueta.

Naquela época, Maradona recém havia assumido a seleção da Argentina. Comandaria uma das maiores paixões daquele povo. Mas naquele momento não era treinador ou dirigente. Era torcedor. A Bombonera estava lotada e pulsava, numa atmosfera incrível.

Antes da bola rolar, quando a câmera que captava imagens para o telão encontrou Maradona em seu camarote, houve o êxtase. “Marado, Marado”, gritavam. Devotavam aqueles milhares.

Foi inesquecível ver Diego. Mesmo de longe. Aquela cena me ensinou muito sobre o ser argentino. ¡Gracias y que en paz descanse!

Numa homenagem a Maradona, o Direto ao Ponto desta quarta foi sobre ele:

Aqui, e tão longe

O poente de Santiago, Chile | abril/2018

Sonhei longe hoje à noite. Estive em Buenos Aires, que ali era era tão simples de chegar, mas também andei pelas ruas centrais de Montevidéu. Deve ser o frio desses dias, deve ser a saudade. No sonho, eu sabia que conhecia muito bem aquelas calles, que sempre me deixam tão à vontade na vida real.

Dias atrás me bateu uma saudade de Lisboa, essa cidade que sinto que preciso conhecer bem melhor. Da mesma forma, ainda quero voltar a caminhar mais por Paris para reparar nos detalhes que mal notei em um agosto passado. E até hoje mal acredito que já estive no Japão.

Já há muito tempo em casa, venho sentido falta de embarcar numa viagem longa. De voltar a sentir aquele clima de aventura de se arriscar em outro idioma, de estudar mapas e, principalmente, de andar por esquinas pelas quais provavelmente jamais voltarei.

O mundo é grande e antigo. Ele espera. Ainda vai haver tempo e época para desbravá-lo. Seja a partir de uma banda aqui pelo pampa, seja por terras e idiomas tão, tão diferentes. O mundo é grande. E isso vai passar.

Questão de adaptação

smartphones

Eu era criança no condomínio Quebra Mar, em Tramandaí, e incomodava meu avô para comprar o jornal no mercadinho. Esse luxo não era diário, mas sim algo para três ou quatro dias por semana. Então, naquelas manhãs de verão, tínhamos ao alcance da nossa mão um compilado de notícias da véspera ali impressos. Além, claro, das concorridas palavras cruzadas.

Não havia internet, muito menos wi-fi e sequer telefonia na maioria dos apartamentos. Aliás, por se tratar de um condomínio enorme e num formato de quarteirão, o Quebra Mar tinha à disposição um telefone central. E aí podia-se ligar para lá que a administração do prédio anunciava num alto-falante para todos os condôminos ouvirem que havia uma ligação a ser atendida. Uma cena quase surreal, hoje extinta.

Se há mais coisa que mudou daquela época foi a forma de se consumir o jornalismo. E vejo não só por mim, mas por meu sobrinho, que hoje tem até um pouco mais de idade do que eu nessa época. Prestes a completar 14 anos, eu nunca vi ele folhear um jornal.

Pode ser que meu interesse pela imprensa seja maior que o dele, contudo tem uma diferença grande também: trata-se de um guri que antes de aprender a ler já sabia, em um computador, como entrar no Google, chegar ao YouTube e, dali, procurar um vídeo com o seu desenho favorito. Tudo através de ícones que, mais tarde, trocaram de tela e agora estão ao alcance de sua mão, no celular.

Essa adaptação a novos meios, porém, ainda é tabu, em pleno 2019. Isso às vezes segue duro justamente para jornais, que por décadas tiveram exatamente o mesmo modus operandi e se veem hoje entre a suposta segurança da base de assinantes somada à receita publicitária e a ainda instável disputa por crescimento e relevância no meio digital.

Fato é que a direção é uma só. E pra frente, rumo à adaptação. Nesta semana foi a vez do Clarín, de Buenos Aires, anunciar que irá procurar se tornar mais online. O que não significará abandonar de solavanco o papel impresso:

La mayoría de nuestros recursos periodísticos estará destinada a producir contenidos . Otro bloque se concentrará en la edición impresa, adaptando las notas publicadas en el digital y garantizando la máxima calidad. Cuanta más calidad tenga el diario papel, más fácil será la transformación digital. Tenemos que ofrecer un producto digital y un producto impreso del mismo valor.

Fica claro que haverá uma transição do que será prioritário agora. A web deixa de ser um espaço restrito a notas rápidas ou apenas breaking news. Mudança semelhante ao que houve no El País – e com sucesso – alguns anos atrás. O jornal espanhol, antes sediado apenas em Madrid, hoje autointitula-se “O jornal global”. Com razão.

Referência no jornalismo argentino, o Clarín indica que até pode vir seguir o mesmo caminho ao perceber que pode ter “mais leitores do que nunca” hoje em dia. A aldeia é global, já faz uns anos:

Hay un enorme sacudón en la industria de los medios que se renuevan para enfrentar la crisis de la plataforma tradicional del papel y adaptarse a la todavía incierta del digital. Tenemos más lectores que nunca y tenemos más desafíos que nunca: los hábitos de los lectores cambian más rápido que nuestras organizaciones y debemos cambiar si queremos mantener la relación con ellos. Necesitamos estructuras más flexibles y más eficientes con más talentos y capacidades del nuevo mundo.

Eis um dos focos da questão: a relação com o público. No entanto, que audiência é essa: a que está na rua ao lado ou além das fronteiras? Como fidelizá-la: com volume de notícias ou apenas com conteúdos especiais? Acesso gratuito para difusão em massa ou paywall como uma garantia econômica?

As dúvidas ainda são várias, mas é a partir de respostas para essas nada fáceis perguntas que se pode chegar à sustentabilidade no meio online. E buscar essa sustentabilidade é questão de sobrevivência para os jornais. Cada vez mais urgente, todavia, vale a ressalva, é primeiramente aos jornais de grandes centros urbanos, onde a internet é plenamente difundida e estável – situação que não ocorre em muitas localidades do interior.

Podem haver diferentes caminhos em relação a nicho, conteúdos e apostas, mas a direção é uma só. O guri que 20 anos atrás buscava jornal de Porto Alegre no mercadinho do condomínio de Tramandaí hoje assina o The New York Times sem nunca ter colocado os pés nos Estados Unidos.

Por acaso, Tokyo Ska Paradise Orchestra

Tokyo Ska

Lembro que uma vez eu quis baixar uma música, então considerada rara. Após muito procurar, achei-a e apertei download. Já era tarde de domingo e fui dormir. Ali no meio da madrugada acordei e conferi o resultado: feliz, a canção enfim estava no computador após algumas horas – necessárias para baixar 3, 4 MB na internet daquela época.

Eram tempos completamente diferentes desses de hoje, em que tudo parece estar acessível, a pouco esforço, perto das nossas mãos – e ouvidos, no caso. Apesar de corriqueiro, reconheço, fico abismado com o que se tornou a internet atual quando lembro da cena daquela madrugada. Isso por ter vivido a época da conexão discada – e a aventura que era tentar baixar uma mera música.

Lembrei disso esses tempos ao me flagrar tornando-me fã de uma banda japonesa. Se por muitos anos, para eu conhecer qualquer grupo do outro lado do mundo precisaria desbravar – e muito – tantos lugares on e offline, desta vez foi bem diferente. Soube da existência deles vendo os stories de alguém que sequer conheço pessoalmente. Meia dúzia de cliques e alguns minutos depois, já havia percebido que gosto de Tokyo Ska Paradise Orchestra.

Qual não foi a minha surpresa ao descobrir que o grupo está em atividade desde o ano que eu nasci? Provavelmente eu seguiria mais 32 anos sem saber da existência deles se não fossem essas conexões rápidas, que fazem músicas e conteúdos ignorarem quaisquer fronteiras entre países e continentes.

Bueno. Por uma dessas coincidências aleatórias da vida, descobri que eles fariam um show em Buenos Aires logo no único sábado em que estaria na capital argentina. Tal fato me fez reviver uma situação que considerava havia muito encerrada: aguardar uma fila grande, a menos de 10°C, tarde da noite, para ir a uma casa noturna.

Foi cansativo para alguém casado, desacostumado a festas e shows e, talvez principalmente, com mais de 30 anos, mas valeu. Um show eletrizante do início ao fim, tal como esperava – e como poucos que vi. Fica o convite para conhecerem também. Basta meia dúzia de cliques e se quiserem começar aqui abaixo, fiquem à vontade:

ps: o show foi bem tarde. Começou às 3h e seguiu por mais de hora e meia. Como alguém que mora em Porto Alegre, tinha algum receio de sair tarde da madrugada em uma metrópole. Mas sair à noite em Buenos Aires significa ver pessoas e transporte público na rua, além de diversos lugares abertos 24 horas por dia, não importa a hora. Ruas ocupadas e bares cheios num sábado. Isso faz uma diferença enorme no cotidiano. Não seria bom pensar como importar isso à nossa boemia?

Buenos Aires

Buenos Aires

Se formos parar para reparar, esquecemos a maioria absoluta dos momentos da nossa vida. A gente não guarda a informação sobre com qual mão nos servimos o café de manhã, assim como trivialidades como onde encontramos todas as pessoas pelas quais cruzamos ao longo do dia. Essas entre tantas outras situações.

Logo, tudo o que temos na memória são um punhado de flashbacks e lembranças que por alguma razão são úteis ou especiais. Uma dessas me veio à mente por esses dias. Remeteu a dezembro de 2008, quando um então jovem jornalista descia a pé a rua Humberto Primo, em San Telmo, Buenos Aires. Foi quando ocorreu um pensamento espontâneo que o surpreendeu: “Eu moraria nesta cidade”.

O motivo da surpresa foi porque eu havia conhecido a capital argentina havia apenas poucas horas. E desde já tão cedo me senti em casa. Por certo esse pensamento teria sido logo taxado de entusiasmo juvenil e esquecido se ele não tivesse tomado o rumo inverno e se solidificado nos dias seguintes e nas outras três vezes em que cá estive.

Há e sempre houve uma relação especial com Buenos Aires. É uma cidade que manteve seu encanto por mais que seja impossível esconder totalmente seus problemas – sociais e econômicos. Alguns desses tão comuns ou até mais graves do que os da realidade que estou acostumado a acompanhar.

Refletia sobre essa relação, introvertido, caminhando a passado lento em uma fria noite de agosto. Vagava imerso em mim em meio àquele brilho exagerado dos painéis da 9 de Julio, reparando o clima antique da arquitetura de muitos daqueles prédios. Ali estava distante com meus pensamentos, recorriendo la ciudad.

— Com licença, señor. Eu me chamo Fábio, soy brasileño y estoy há uns meses em Buenos Aires. Poderia me ajudar com algumas monedas? – interrompe-me um desconhecido na calçada, em um legítimo portuñol.

Ao voltar bruscamente à realidade, franzo a testa e logo a resposta saiu automaticamente no idioma local: “No tengo nada. Lo siento”. E então cada um segue seu caminho.

¡En facto, es muy natural yo estar en Buenos Aires!

Rápidas argentinas, parte 10: Peso leve, levíssimo

buenos aires

A relação entre economia argentina e crise tem ares duradouros. Mais de uma vez, já falamos disso aqui certa feita, num momento em que – cinco anos atrás – o Clarín fez uma matéria listando produtos em vias de romper o que chamaram de barreira psicológica dos 100 pesos.

Pois bem. Se já não está em tempo, em breve haverá uma nova reportagem sobre a quebra da barreira dos mil pesos. Isso em cinco anos, tamanho o galope da inflação porteña. A propósito, há uma vítima fatal nesta história já: a nota de 2 pesos (que era a menor da família) já não é mais aceita. Este valor foi substituído por moedas – seria esse um destino para o real?

Nas ruas, algo incomum a primeira vez que cá estive é corriqueira: lojas, restaurantes e todo mundo aceitando até o real no pagamento. E, repare só, em diversas situações é mais vantajoso fazer pagamentos com a divisa fabricada ao Norte do Rio da Prata do que a comum em Buenos Aires.

Isso sem falar nos já tradicionais cambistas de ruas, como o da Florida. Oferecem-se aos montes para trocar seu dinheiro, seja real ou dólar, por pesos. E anunciam fazer um preço melhor do que as casas oficiais.

Rápidas

Noto que a estrutura deste texto coincidentemente ficou muito parecida com o que publiquei em 2013. Então vamos recordar a escalada do preço do metrô, que ao menos indica que a inflação ali não seguiu no mesmo embalo. O passe único de 2011 era 90 centavos; em 2013 estava 2,50; agora, em 2018, 12,50 pesos.

Naquele texto também citei uma matéria da piauí sobre denúncias ao clã Kirchner. Este assunto continua. Por estes dias, a Polícia deu uma varredura em residências da ex-presidente e hoje senadora. Inclusive em uma casa em Calafate, cenário das denúncias da matéria original. Em um dos textos, o jornal cita que brasileiros se aproximaram das ações policiais e, ao tomar conhecimento do que se tratavam, asseguraram aos periodistas argentinos que era a versão da Lava Jato.

Pitacos da Copa – Argentina

Messi

Foi nas ruas de San Telmo, em Buenos Aires, que pela primeira vez tive uma forte sensação de pensar: “Eu moraria aqui”, estando bem longe de casa. A verdade é que a Argentina me ganhou em questão de poucas horas antes do primeiro entardecer, naquele dezembro de 2008.

Quase dez anos depois, me peguei explicando para uma baiana porque o gaúcho acabava por ter mais afinidades com argentinos e uruguaios do que com brasileiros. Ela estranhou, mas acho que no fim entendeu. Ainda que concordássemos que muitas vezes o gaúcho brasileiro confunde seu patriotismo regional com um quê xenófobo, especialmente com o Nordeste. Isso, porém, é papo para outro post.

Em dez anos voltei à Argentina outras três vezes e, confesso, já estou com uma saudade grande de respirar o ar porteño. E sigo com a mesma impressão de que viveria feliz em algum canto de Buenos Aires.

Essa afinidade natural me faz sempre estranhar a campanha brasileira contra a Argentina no futebol. “Somos rivais”, defendem eles (os brasileiros), que, por meio da mídia jornalística e publicitária, não se furtam da piadinha, da secação gratuita, fomentando essa rivalidade, que sequer é recíproca.

Contudo, de tão repetida, a rixa acaba pegando. Ao percorrer a cidade durante a goleada da Croácia sobre a Argentina nesta Copa do Mundo, vi uns quantos – os quais não duvido que adorem criticar a CBF e o futebol brasileiro – vibrando com os gols europeus. Felizes ao ver o vizinho se aproximar do fiasco da eliminação precoce.

Só pude lamentar. Duplamente. Já ganhei duas Copas do Mundo como torcedor e sei como é bom ver aquela taça sendo erguida pelos meus. E poucos países encarnam tão bem o espírito do futebol como la hinchada argentina.

Que vivam dias melhores – e gloriosos – em breve.

Brasil, América Latina?

latino americano

Não é novidade, mas não deixa de sempre (me) surpreender. Como o Brasil é isolado da identidade latino-americana de seus vizinhos de continente. A América, luta a luta, libertou-se do domínio espanhol, enquanto o gigante ali ao lado permanecia adormecido sob a tutela portuguesa.

Festejando o bicentenário de sua independência, o Chile tem nesses tempos de 2018 uma exposição na sua biblioteca nacional – cuja fundação é anterior ao famoso grito de Dom Pedro I às margens do Ipiranga –, na qual narra o processo de libertação e frisa que, após ela, o argentino San Martín seguiu ao Peru, para ajudar na independência daquele país.

Uma espécie de altruísmo? Talvez, mas está mais para uma missão que todos sabiam: enquanto houvesse um país colonizado por espanhóis na região, nenhuma independência estaria plenamente segura. Não à toa, houve diversas batalhas a Oeste do Brasil nas décadas iniciais do século XIX.

Isso tudo enquanto o rei Dom João VI recém apaixonava-se pelo Rio de Janeiro. Isso tudo aqui ao lado do Brasil. E, eu, jornalista caucasiano que recebeu boa educação no Brasil do século XX e XXI quando era estudante, nem lembro de ter visto em livros quando estava no colégio. Talvez por estar aprendendo mais sobre vassalos, suseranos e Napoleão do que os libertadores dos meus vizinhos.