Da energia que não se vê, entre o sacro e o profano

Por certo existe muito mais coisa no Centro Histórico de Santiago de Compostela que história, fé, peregrinação e lojas de souvenires.

Há, também, muita vibração a partir daquilo que não se vê a olhos nus – e que faz a energia correr solta.

Arrepiei-me quando, à noite no hotel, imaginei como seria uma caminhada àquela hora nas ruas dali. Uma hora qualquer e escura, nas apertadas ruas centenárias daquele lugar, testemunhas de um sem fim de histórias de gente de todo o mundo…

…mas também de gente que por ali se criou e viveu, bem antes do conceito de turismo se aplicar ali. Se Santiago é conhecida por sua imponente basílica, a Galícia, a comunidade autônoma da qual faz parte, é uma terra também marcada por forte presença de bruxas, as “meigas”, no que constrói importante parte de sua mística e cultura popular.

Não são necessariamente más, até são conhecidas por suas habilidades mágicas e curativas. Porém são figuras femininas com poder – algo que, no geral, costuma a assustar detentores da força política. Ainda que hoje sejam celebradas, por certo séculos atrás, em plena inquisição, não eram bem vistas ou aceitas pelos vizinhos das igrejas.

Aí que reside todo o conflito invisível naquelas ruas de Santiago. Se a fé, ou algo que o valha, faz com que milhares de peregrinos atravessem a estradas para chegar até o local onde há diversas igrejas católicas, a crença no poder das meigas ainda se faz presente naquela região, anos e séculos após suas histórias ganharem fama.

Um capítulo a mais do embate entre o sacro e o profano mundo afora.

Deixe um comentário