Yakecan

Foi uma checagem maior do que a comum. Uma espiadela no Twitter, um pouco mais de atenção ao telejornal durante o almoço, ouvido atento ao rádio (sempre ele). Isso enquanto os uivos dos ventos não davam trégua na janela – aliás, nem quis imaginar como estariam os vidros do apartamento do 11º andar em que já morei.

A manhã, ainda que dedicada principalmente à distração de uma criança com três anos recém completados, teve suas pitadas de medo e de receio com o tempo. O vento, o frio. Era o som do céu, Yakecan. Em maio. Não era para ter veranico agora? O que será que mudou?

A resposta está no ar (e também na água), pois.

Lembro que falamos até cansar – e meio que abolir – a expressão “novo normal”, projetando transportes, hábitos e cidades no que seria, e ainda será, o pós-pandemia da Covid. Ao mesmo tempo, apesar de tantos alertas, já paramos para pensar como será o nosso novo normal climático?

Acho que existe uma espécie de ânsia paralítica de se buscar evitar o pior, que seria o aumento da temperatura da atmosfera em 3, 4 graus Celsius até o fim do século. Só que parece impossível não chegar lá e, mesmo pouco menos, já terá sido bem grave. O que se transforma numa letargia que, pouco a pouco, fará com que nos acostumemos a fenômenos mais extremos, anos mais quentes, frios mais gélidos, estiagens ainda mais secas e temporais cada vez mais severos.

Não necessariamente nesta ordem.

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