Pedaço de Paraíso – parte III

     Terça-feira de carnaval, 14 horas. Certamente nesse momento, o Rodrigão abria a cerveja dele em Laguna, o Pippo acordava com ressaca no Farol de Santa Marta e a Gabi e a Daphne ajeitavam os seus biquínis na Ferrugem, eu, ainda que estando no mesmo bendito solo catarinense, fiz um programa totalmente diferente dos amigos supracitados. Quem acompanha a Telha, já deve saber o que é: trilha.
     Sim, isso mesmo. A escolhida da vez foi a que leva para a Praia dos Naufragados, no extremo sul de Florianópolis. Para chegar lá, ou de barco ou pela trilha. Confesso que essa era uma que eu sempre quis fazer, por alguma razão. Nunca dava ou sempre enrolava… Pois bem, como não tinha nenhuma cerveja para sorver, ressaca para curar ou biquíni para admirar às 14 horas desta terça, rumei ao sul. E bota sul nisso.
     Para se chegar ao começo da trilha, é preciso ir até o final da Rodovia Baldiceno Filomeno, a ‘estrada-geral’ do Ribeirão da Ilha. Vá sem pressa, nem fique ansioso por chegar, porque a via é longa. Por vezes asfaltada, por vezes esburacada, e nesse ritmo vai se revezando e parecendo não ter fim até, quando vê, termina. Como este é um caminho procurado por ecoturistas e, consequentemente, bem visitado, há terrenos para se estacionar o carro. Pago, claro.
     Deixei o fusca lá e parti para encarar os mais de 2600 metros rumo a tão escondida praia. Subidas íngremes e com muitas pedras no início – o que a tornaria desanimadora para iniciantes. A vista é bacana já no começo da caminhada. A medida que se vai andando, o Ribeirão da Ilha, às costas de quem vai, revela um horizonte inesquecível. Em um lado, o mar, ao longe, no outro, o morro e, se você tiver sorte, quiçá veja um bovino pastando, totalmente alheio aos turistas que passam no seu lado.
     Ainda no começo, ganho uma companheira, que ficaria comigo até a praia: uma borboleta azul. Podia até nem ser a mesma que voava nas minhas voltas durante o percurso, mas era bem parecida. Exibida, não se deixou fotografar, embora passasse bem perto de mim em alguns momentos.
     A trilha pode ser facilmente percorrida a pé. Exige um certo preparo físico, é verdade, contudo nada de espetacular. Uma garrafinha de água cai bem em alguns momentos. E, o melhor de tudo, é a possibilidade de reabastecer esse líquido num dos seis córregos que cortam o caminho. Garanto, a água do maior deles, é boa. Há, no morro, uma cachoeira, origem dos riachos, porém não visitei nessa vez. Fica para a próxima.
     Outra coisa bacana dessa trilha é o seu som. Certa hora, parei para ouvir algo tão raro para uma pessoa que mora numa grande cidade como eu: o silêncio. O mais puro, mudo e surdo silêncio. Cortado apenas por cantos de pássaros e passos de animais a cada segundo. Indescritível. E, depois do silêncio, logo depois de uma curva, eis que o mar impõe sua presença. As ondas se fazem ser ouvidas quando restam alguns metros de caminhada e a presença humana já é notada ao redor.
     Achei a Praia dos Naufragados bem parecida com o Pântano do Sul, com a diferença que na primeira, por ser um dos extremos da Ilha, tem farol. Fui lá, mais trilha e só encontrei um lagarto de plantão. Fora isso, pedras nas pontas, areia clara, mar azul… e botecos na beira da orla. Quando cheguei, às 15h40min já tinha um pinguço sentado olhando pro chão da mesa, que estava sob umas sete latas vazias de skol. Esses estabelecimentos – que vendem até pão caseiro –, a possibilidade de poder voltar de barco e a natureza local fazem dos Naufragados um lugar excelente para passar um dia inteiro. Ou quiçá até mais – há uma que outra barraca por lá. Sem dúvida, é um ótimo passeio.

Tá, se tu já és leitor do blog, já deve estar se perguntando onde se clica para ver as fotos. Bem, caro (a) leitor, ficarei te devendo. Como contei, meu pai foi para o Ushuaia recentemente, levou a câmera e não tinha recarregado as pilhas até esta terça de carnaval e ainda quando estava aquecendo, se foi a bateria. Clicando aqui, tu consegues ter uma vaga noção do lugar que visitei. Vaga, frise-se. Prometo que, em breve, voltarei lá e trarei imagens inesquecíveis. 

5 pensamentos sobre “Pedaço de Paraíso – parte III

  1. Vi teu blog nos links do Simulações.
    Coloquei um link no meu Pequeno Projeto de Jornalista.
    Espero a tua visita. Beijo!

  2. Ah, Tiago, nem uma fotinha!
    A descrição é um convite. Garanto que a partir dela muita gente vai gastar sola. Você soube aproveitar tudo mesmo!
    A título de informação, a rua do Ribeirão da Ilha tem 20 quilômetros. Mas só sente quem não curte a paisagem, não é mesmo? Dá vontade de parar a cada cem metros para admirar e fotografar.
    Abraço.

  3. ô beleza essa vidinha heim…sinceramente…não invejo a cerveja dos teus amigos nem o bikini das tuas amigas…acho que a trilha valia mais a pena mesmo…

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